O Pesquisador:

FRITZ CONDE VON BOTHMER

 

 

Friedrich Maximilian Eduard Conde Von Bothmer nasceu em 21 de dezembro de 1883, em Munique, na Alemanha. Friedrich foi o terceiro de uma família de quatro filhos. Aos 12 anos, ficou órfão de pai e, mesmo com dificuldade para realizar as provas, foi admitido na escola para o serviço de pajem real. 


Seus anos na escola de pajens foram difíceis e vencer a timidez e modéstia foi um processo que lhe exigiu autoafirmação. Esse processo, certamente contribuiu para a sua virilidade e autocontrole, mais tarde tornando-se seus aliados.  Nesta época, Friedrich aprendeu a arte da esgrima e mostrava apreço pela arte através da música. Era um ótimo cantor e violoncelista. Tinha grande interesse pela leitura e era também ótimo dançarino. Após (se formar) assumir o posto de alferes na Infantaria, Friedrich seguiu a carreira militar, assim como seu pai e avô que também serviram na corporação real da Bavária.

 

 

 

Aos 21 anos, acompanhando sua mãe nas palestras de Rudolf Steiner, descobriu um caminho de estudos para o seu desenvolvimento interior. Esses estudos o levaram ao encontro com a Antroposofia. Mesmo com algumas divergências estéticas, advindas de sua formação militar, Friedrich seguiu acompanhando as palestras de Rudolf Steiner e os estudos teosóficos na época.

Em 1913, aos 29 anos, casou-se com Hildegard, de 24 anos, a baronesa de Tann-Rathsamhausen. As alegrias do casamento foram antecedidas por momentos difíceis que ocorreram já em junho de 1914, quando Friedrich Bothmer partiu com a força militar, no início de agosto do mesmo ano, em direção ao front da 1ª Guerra Mundial. 

 

 

 

 

 

 Após ferimentos físicos graves, que o afastaram temporariamente da vida militar, causados em combate durante a guerra, Friedrich teve a possibilidade de fazer reflexões e considerações sobre a sua carreira e compreender que o estado bélico era uma desintegração de seus reais valores e ideais. Sendo assim, em 1922 , foi aceito seu pedido de baixa da carreira militar.

Por recomendações de Rudolf Steiner, com quem mantinha encontros fraternos, Friedrich olhava carinhosamente para a possibilidade de seguir a carreira pedagógica. Em 1922, recebeu o convite para atuar como professor de exercícios físicos na primeira escola Waldorf em Stuttgart.
Bothmer perguntou a Rudolf Steiner se deveria ensinar as práticas da ginástica, ao que ele respondeu afirmativamente. Mesmo não tendo vivenciado exercícios no ginásio, o Conde Bothmer tivera a sorte de vivenciar e praticar a esgrima, a equitação e a dança.

 

Tivera também a sorte de apreciar obras de arte na Itália, na Alemanha e na Bélgica assim como suas viagens à Grécia e Roma lhe propiciaram gravar em seu coração anseios profundos. Sabia também que esses anseios poderiam tomar forma e aprofundar-se na docência para a qual estava se preparando na Escola Livre – Waldorf – de Sttutgart. Essa perspectiva lhe deu forças e convicção para aceitar o convite de Rudolf Steiner. Bothmer perguntou ao mestre se deveria desenvolver a ginástica a partir dos elementos gregos e Steiner lhe respondeu, mais uma vez, afirmativamente, pois recebia com muita satisfação toda iniciativa que vinha do impulso e coração de uma pessoa.

 

 

 

 

 

Mesmo repleto de incertezas, tendo em vista as perspectivas financeiras que uma carreira pedagógica anunciava aos 39 anos, Friedrich mudou-se com a família para iniciar seu trabalho como professor. Estava confiante pois entendia que o futuro de uma pessoa nunca está mais seguro do que quando está construído sobre algo bom e edificante.
Seu trabalho com a Ginástica Bothmer teve início, então, na Escola Waldorf de Stuttgart, quando recebeu de Rudolf Steiner a tarefa de desenvolver uma ginástica não materialista, puramente física, para as aulas de Educação Física. O pedido foi recebido com certa inquietação, mas rapidamente dissipada pelas motivadoras palavras de Rudolf Steiner: “alegre-se para tanto”! Friedrich sabia exatamente o que estas palavras significavam. 
A sua ginástica precisava substituir a ginástica tradicional e basear-se nos princípios resultantes da pesquisa espiritual de Steiner, na imagem do homem abarcada pela antropologia antroposófica.

 

Rudolf Steiner acompanhou o desenvolvimento desse projeto e aprovou os primeiros exercícios desenvolvidos pelo Conde Bothmer.

Importante ressaltar que Bothmer buscou inspiração nas bases antropológico-antroposóficas dadas pelo estudo de observação do homem, do jovem e da criança propostos por Rudolf Steiner. Sua ginástica resultou então de sua ampla pesquisa e conhecimento aprofundado da antropologia de bases antroposóficas.

 

Para tanto, tinha diante de si seus alunos e por meio de sua observação diária, nas aulas, podia fazer comparações e trazer as imagens da Grécia e dos movimentos dos gregos, que guardara em seu coração. Foi assim que trilhou seu caminho de pesquisador do movimento humano, inaugurando algo que chamou de movimento com sentido.

 

Além das aulas de Educação Física, Conde Bothmer dava aulas de marcenaria e religião. Anos mais tarde, tornou-se Diretor da Escola Waldorf Livre Urlandshohe, em Stuttgart. Dirigiu a Escola até o momento em que iniciou a 2ª Guerra Mundial.

Após o fechamento da escola, Friedrich dirigiu-se para Londres, onde concluiu e organizou seus apontamentos sobre os exercícios elaborados durante os anos escolares com seus alunos.

            Os ferimentos sofridos na guerra o acompanharam por toda vida e foram o motivo maior para sua morte, em 1941, com apenas 58 anos.

 

Conde Bothmer foi um pesquisador do ponto de vista espiritual, do espaço e do movimento, tendo como foco um corpo que não abarca somente o físico, mas que o transcende, sendo também templo da alma e do espírito que vivem dentro dele.